1919 - 1920

Em Portugal

1919 | É realizado o primeiro voo transatlântico, entre Nova Iorque e Lisboa

No ano de 1919, André Citroën fabricou o seu primeiro automóvel popular em série e é realizado o primeiro voo transatlântico entre Nova Iorque e Lisboa. Está oficialmente revolucionada a indústria de transportes e a economia dispara.

 

Crédito: Wikimedia Commons

No período da Primeira Guerra Mundial, iniciou-se uma corrida industrial e começaram os famosos “anos de ouro da aviação”. Para impactar os adeptos da mobilidade, o jornal Daily Mail promoveu um concurso com um prémio de 10 mil libras ao aviador que conseguisse fazer o primeiro voo sem escalas, em menos de 72 horas – entre os Estados Unidos, o Canadá e Terra Nova ou as Ilhas Britânicas. E foi assim que o Hidroavião Navy-Curtiss NC4 – uma esquadrilha de três hidroaviões quadrimotor da Marinha dos Estados Unidos – tentou atravessar pela primeira vez (e por etapas) o Atlântico Norte. Como? Voando de Nova Iorque para o Canadá, partindo de Trepassey Bay (Terra Nova) diretamente para a Europa, com escala nos Açores.

O hidroavião acabou a flutuar no rio Tejo e os sinos das igrejas de Lisboa comemoram o primeiro voo transatlântico da história da aviação. Portugal ficou na boca do mundo e a economia nacional foi impulsionada graças ao impacto socioeconómico que os aviões passaram a ter mundialmente.

Desde então, os avanços na ciência aerodinâmica permitiram aos engenheiros desenvolverem aeronaves cujo desenho interferisse o mínimo possível no desempenho em voo. Rapidamente, estes conhecimentos foram aplicados ao desenvolvimento do motor dos carros como o Citroën DS, lançado em 1955, apelidado de “disco voador”. Um exemplo que chegou mesmo a ganhar uma versão com asas especialmente pensado para o filme “A Volta de Fantomas”.

1920 | Nasce a mais famosa fadista portuguesa

Numa era em que os avanços na tecnologia revolucionaram a indústria automóvel, a voz de Amália Rodrigues ecoou pelos vidros dos carros, colocou Portugal no mapa do mundo e fez do fado uma arte mundial.

 

Crédito: Global Imagens

Falar da história do mundo (e de Portugal) é falar de Amália Rodrigues. A mais famosa fadista portuguesa nasceu a 23 de julho de 1920, mas a artista adotou o dia 1 de julho como data de aniversário durante toda a sua vida. Desde muito nova sempre gostou de cantar e, em 1935, foi escolhida para cantar nos festejos dos Santos Populares, acompanhando a Marcha Popular do seu bairro de Alcântara. Em 1938, Amália da Piedade Rebordão Rodrigues faz audições para o “Concurso da Primavera” mas não chegou a participar.

Um ano depois de fazer a sua estreia profissional, o sucesso é tão grande que rapidamente se torna cabeça de cartaz e passa a cantar no Café Luso por valores nunca antes pagos a um fadista.

A partir de 1941, as cantorias são menos regulares, mas uma constante na cidade de Lisboa até a cantora começar em digressão a partir de 1950. As viagens sucedem-se e as interpretações de Amália Rodrigues podem também ser vistas no teatro e no cinema. Geralmente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX, a Rainha do Fado transformou-se no símbolo de excelência do seu país e levou a cultura portuguesa mais longe do que qualquer tecnologia. Morreu aos 79, anos no dia 6 de outubro de 1999 e as suas cerimónias fúnebres levaram milhares de portugueses às ruas. A fadista foi transportada para o Panteão em 2001.

Na Citroën

O início de uma nova era

1919 | André Citroën funda a marca com o seu apelido

Em qualquer parte do mundo, o Citroën 2 CV é um símbolo de França juntamente com a Torre Eiffel. Mas como surgiu esta marca icónica que, em 2019, celebra um século? Aperte o cinto e embarque numa verdadeira viagem no tempo.

 

Crédito: Médiathèque Citroën

A Citroën é uma marca que não passa despercebida no mundo automóvel. Dos modelos míticos, aos veículos de competição, passando pelos concept-car, a sua audácia e criatividade foi fundada por André Citroën, nascido a 5 de fevereiro de 1878 em Paris. Tudo começou quando o parisiense entrou na École Polytechnique com 20 anos e, em 1900, completou o seu serviço militar como subtenente de artilharia em Le Mans.

Durante uma viagem à Polónia, decide comprar uma patente de engrenagens em chevrons e fundar a sua própria fábrica em 1905. Não foi preciso muito tempo até a Automobiles Mors, em 1908, convidar André Citroën para reorganizar o seu processo de fabrico.

Com base nos métodos americanos de produção em série, a produção aumentou de 125 para 1200 viaturas por ano. No entanto, em plena Primeira Guerra Mundial de 1914, o francês foi mobilizado como tenente de artilharia. Logo percebeu que faltava munições e decide construir uma fábrica no Quai de Javel, em Paris, para produzir 20 mil obuses por dia. Em alguns meses, são produzidos cerca de 55 mil a cada 24 horas e as suas habilidades são solicitadas pelo Estado em muitas áreas. Só em 1919, quando o armistício é assinado, é que André Citroën se vê forçado a converter a sua fábrica e a lançar o seu grande projeto: fabricar um automóvel popular em série. Assim é lançado o 10 CV Modelo A e, em menos de dez anos, a marca Citroën transformou-se no maior fabricante de veículos na Europa.

No Mundo

1919 | Os automóveis Bauhaus

No ano de lançamento do primeiro modelo Citroën, é fundado o movimento de arquitetura Bauhaus que influenciou o design automóvel com uma revolução total, assente numa reflexão de conceitos artísticos.

 

Há um século, um conjunto de homens e mulheres reuniam-se em Weimar, na Alemanha, à volta de um poderoso projeto artístico e cultural. Com o objetivo de unificar disciplinas como arquitetura, escultura, pintura e desenho industrial, o arquiteto Walter Gropius fundou a 12 de abril de 1919 a Bauhaus. Uma escola de artes que prometia uma revolução total, assente na ideia de que a arte e o design podem mudar o mundo. Em pleno fim da Primeira Guerra Mundial, Walter Gropius, Hannes Meyer e Mies van der Rohe assumiram a direção da escola cuja ascensão e queda é diretamente proporcional ao surgimento e triunfo do nazismo na Alemanha. Ao fim de seis anos, esta mudou-se para Dessau, onde também acabou por estar apenas sete anos. Em 1932, por influência do regime nazi, foi mudada para Berlim e, em 1933, fechada.

A escola foi influenciada pela revolução industrial para criar o design e a arquitetura com estética funcional e a pensar na economia de materiais. No design automóvel, surgiram carros como o Citroën 2CV com inspiração Bauhaus, assente no modernismo e funcionalismo.

Segundo o movimento, os vários materiais que foram incluídos não devem ser escondidos. Dessa filosofia nasceu a primeira pequena berlina de tração dianteira em todo o mundo, assinada pela Citroën, que se tornou num ícone da história automóvel.

1920 | É comercializado o primeiro aparelho rádio para uso doméstico.

Em 1920, é comercializado o primeiro rádio para uso doméstico e, num piscar de olhos, o barulho dos motores é substituído pelo som da música nas estradas e um aparelho revolucionou a indústria automóvel.

 

Em 1896, Guglielmo Marconi criou o primeiro aparelho de rádio do mundo. Ao revolucionar a comunicação à distância, o físico e inventor italiano demonstrou o funcionamento dos seus aparelhos de emissão e receção e tornou-se na primeira pessoa a enviar uma mensagem para o outro lado do oceano. Um pequeno (grande) passo que incentivou a industrialização deste equipamento.

Após a Primeira Guerra Mundial, surgiram as primeiras emissoras de rádio. A Westinghouse Electric fabricava os rádios utilizados pelos militares americanos durante a gurra e, após o conflito, começou a vender aparelhos de rádio para uso doméstico.

Só em 1922 surgem os primeiros rádios Westinghouse incorporados em automóveis, mas os rádios em carros ainda eram uma raridade porque não eram práticos e precisavam de ajustes constantes para estarem em frequência. O panorama só mudou em 1926 quando Philco inventou o Transitone – o primeiro rádio de carro produzido em série – e, em 1930, Paul Galvin massificou um rádio de carro apelidado Motorola. Em Portugal, os mais curiosos tentaram construir as suas próprias emissoras, mas é na Segunda Guerra Mundial que a rádio ganha realmente importância: é a única forma dos cidadãos obterem informações sobre o estado da guerra. Mais tarde, a década de 1960 viu a introdução de fitas de oito faixas e aparelhos de som para todo o mundo. Em menos de dez anos entre si, surgem as cassetes e os primeiros CD. Hoje, a rádio é um acessório indispensável em todos os carros e foi um instrumento que impulsionou a massificação da indústria automóvel.