1985 - 2004

Em Portugal

1986 | Mário Soares é eleito Presidente da República

Em 1986, Mário Soares enfrentou Freitas do Amaral nas eleições presidenciais e foi eleito Presidente da República à segunda volta. Para o seu mandato, adquiriu um Citroën CX 25 que serviu até quase ir para a sucata.

 

Nas eleições presidenciais de 26 de janeiro de 1986, Diogo Freitas do Amaral obteve 46,31% dos votos, Mário Soares 25,43%, Francisco Salgado Zenha 20,88%, Maria de Lurdes Pintasilgo 7,38%, e a abstenção foi de 24,62%. Com este resultado, nenhum dos candidatos conseguiu mais de metade dos votos validamente expressos, o que obrigou a um segundo sufrágio, realizado a 16 de fevereiro de 1986, que Mário Soares venceu com 51,18% dos votos contra 48,82% de Freitas do Amaral. E, assim, na segunda volta, Mário Soares torna-se Presidente da República.

Durante o mandato, a Presidência adquiriu um Citroën CX 25 Prestige para o mais alto representante do Estado exercer as suas funções.

Não é difícil perceber porquê: Mário Soares era um francófilo no espírito republicano e em muitos aspetos culturais. A particularidade deste modelo escolhido é a impressionante janela traseira curva, além da cilindrada 4 com 2.500 cc e de um estilo interior com uma meia-lua de comandos (todos acessíveis sem ser necessário retirar as mãos do volante). Com velocidade máxima de 202 quilómetros por hora, foi este o veículo que representa os dois mandatos de Soares na Presidência apesar de se terem comprado outros dois carros em 1990 e 1992. Depois do término do seu mandato, CX 25 Prestige ainda serviu, até quase ir para a sucata, como carro do presidente do Instituto Tecnológico Nuclear, em Sacavém.

1991 | Portugal assina Acordo de Schengen

O ano de 1991 é marcado pela adesão de Portugal ao Espaço Schengen. Um acordo que revolucionou a livre circulação dos cidadãos e estimulou a mobilidade automóvel entre fronteiras num território que engloba mais de 20 países.

 

Meter-se num automóvel e visitar os vizinhos. “Tudo isto é possível sem perder tempo a pensar em fronteiras.” Foi assim que Dimitris Avramopoulos, comissário para a Migração, Assuntos Internos e Cidadania, apresentou o Espaço Shengen aos cidadãos portugueses. Esta história começou em 1985, quando cinco Estados-membros da União Europeia decidiram suprimir os controlos nas suas fronteiras internas. Acabar com as fronteiras, garantir a segurança e criar um clima de confiança demorou muitos anos após duas guerras mundiais devastadoras mas, a 25 de junho de 1991, Espanha e Portugal assinaram o tratado.

Atualmente, o Espaço Schengen abrange 26 países – incluindo todos os integrantes da União Europeia (exceto Irlanda e Reino Unido) e três países que não são membros da União Europeia (Islândia, Noruega e Suíça).

Tanto os cidadãos da União Europeia como os nacionais de países terceiros podem viajar livremente dentro do Espaço Schengen, só sendo objeto de controlo quando atravessem as suas fronteiras externas. Consequentemente, o Acordo Schengen estimulou as viagens de carro sem passaporte tornando a Europa mais pequena e contribuiu para a nossa união de culturas. Segundo Avramopoulos, “uma Europa sem fronteiras internas representa igualmente enormes benefícios para a economia, o que demonstra o quanto a concretização de Schengen é tangível, popular e bem-sucedida, assim como a sua importância para a nossa vida quotidiana e para as nossas sociedades”.

2000 | Morre o engenheiro Edgar Cardoso

Da Ponte da Arrábida à Ponte de Santa Clara, Edgar Cardoso foi uma figura
da História Mundial da Engenharia, que revolucionou a infraestrutura rodoviária, ferroviária e urbana a nível nacional.

 

Edgar Cardoso foi, para uns, um homem de engenhos e, para outros, um Professor “Mestre”. Em comum, todos concordam que foi uma figura maior da História Mundial da Engenharia ao construir pontes tecnicamente brilhantes. Este nasceu no Porto, em 11 de maio de 1913, e formou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937. Como engenheiro civil, realizou o primeiro estágio no Porto de Leixões, para o estudo do assoreamento do Porto mas, rapidamente, as pontes se tornaram no seu objeto de trabalho central.

A Ponte da Arrábida e a Ponte de S. João tornaram-se marcas icónicas do Porto e são duas obras centrais no percurso do professor universitário.

A primeira (na época, com o maior arco de betão do mundo) foi inaugurada em 1963. Já a segunda e o último projeto de Edgar Cardoso, foi inaugurada a 24 de junho de 1991. Vários defendem que é, provavelmente, a sua obra-prima e uma das mais belas pontes construídas no mundo. Para além de ter tido um papel principalmente no desenvolvimento de várias cidades de Portugal, Edgar Cardoso ficou conhecido pela sua inovação e experimentalismo. Por exemplo, a Ponte de Santa Clara, em Coimbra (um projeto de 1950), remete para as obras de Oscar Niemeyer, marcadas pela nova plasticidade possibilitada pelo uso do betão. Solitário e desiludido por não receber novos projetos, acaba por morrer a 5 de julho de 2000, em Lisboa, como um dos maiores génios da história da engenharia civil nacional e internacional.

Na Citroën

A época que definiu os dias de hoje

1985 | Citroën assume nova identidade visual

Numa época em que o mercado automóvel se torna muito concorrencial, a Citroën assume uma forte identidade visual em vermelho e branco e leva os seus novos modelos até à Grande Muralha da China para recuperar dinamismo e modernidade.

 

Desde 1919, a audácia e criatividade são características indissociáveis da Citroën. Ao longo de cem anos, a marca francesa tem vindo a moldar a história automóvel e procura inovar na sua forma de comunicar desde as suas origens. Tanto através das brochuras como dos seus eventos de publicidade, passando pelas evoluções gráficas. A partir de 1985, os famosos chevrons brancos encontram-se sobre um quadrado vermelho.

Uma imagem jovem com uma forte identidade visual apoiada pelo filme publicitário “Les chevrons sauvages” para receber os novos modelos num mercado que se torna cada vez mais concorrencial.

O AX fez uma entrada fulgurante em 1986 no Salão de Paris e um forte lançamento publicitário na Grande Muralha da China. Com o slogan “revolucionário”, o AX destaca-se pelo tamanho, espaço interior, massa, conforto, desempenho e consumo. Uma berlina de 3 portas com tração dianteira que deu que falar até a Citroën acrescentar um novo modelo no topo da sua gama em maio de 1989. O XM está equipado pela primeira vez no mundo (num veículo de série) com uma suspensão que associa a inteligência da eletrónica à força e à flexibilidade da hidráulica. Nasce assim a suspensão hydractive para recuperar o dinamismo e a modernidade conhecidas da marca francesa. Com a sua carroçaria majestosa, o XM fica na história pelas suas linhas alongadas e refinadas. Elegantemente desenhado por Bertone, este modelo é inovador pelo vidro de separação entre o habitáculo e a bagageira chamada de 13.º vidro.

No Mundo

1989 | Queda do Muro de Berlim

Após a queda do Muro de Berlim, assiste-se à passagem do primeiro automóvel por umas das aberturas do muro. Celebra-se o fim da divisão da Europa e dá-se início a um clima de entusiasmo que se espalha por todo o mundo.

 

O Muro de Berlim foi construído em 1961 e, durante 28 anos, dividiu o mundo em dois blocos como símbolo da apelidada Guerra Fria. Estendia-se por vários quilómetros e foi construído pelo bloco comunista com o objetivo de evitar a saída de pessoas que pretendiam abandonar a Alemanha de Leste. Esta barreira física, com cerca de cem metros de largura, formou um anel de 155 quilómetros em volta da cidade bávara e separou a Alemanha de Leste (socialista), incluindo Berlim de Leste, de Berlim Ocidental (capitalista) com muros, arame farpado, torres de vigilância e pontos de controlo.

O mundo ficou, assim, dividido em dois blocos: de um lado, os aliados dos Estados Unidos e do outro, os países socialistas sob o regime soviético.

No total, milhares de pessoas tentaram ultrapassar o muro e cerca de mais de uma dezena foram mortas durante a tentativa. Só a desagregação da União Soviética e o fim da chamada Cortina de Ferro, sentenciou o fim Muro de Berlim na noite de 9 de novembro de 1989 e também ditou o destino da Alemanha. Dividida em zonas de influência, desde a Segunda Guerra Mundial, em 1945, o país seria reunificado em 1990. Após a queda do Muro de Berlim, viviam-se dias de alegria do lado ocidental e de espanto por parte dos alemães do lado comunista do muro. Assistiu-se à passagem do primeiro automóvel vindo do lado ocidental por umas das brechas do muro e os anos seguintes foram marcados por uma procura exponencial por modelos europeus com inovações técnicas e novos equipamentos.