1966 - 1984

Em Portugal

1966 | Inauguração da Ponte 25 de Abril

A 6 de agosto de 1966 é inaugurada a Ponte 25 de Abril, em Lisboa, com o nome Ponte Salazar. Uma estrutura que uniu as duas margens do rio Tejo à distância de dois quilómetros de carro e estimulou o crescimento da área metropolitana da cidade.

 

Crédito: Global Imagens

Com um investimento de 2,2 milhões de contos (cerca de 11 milhões de euros) nasce a Ponte Salazar em 1966. Um empreendimento que começou a ser construído a 5 de novembro de 1962 e demorou quatro anos. Seis meses antes da data prevista, ficou pronto para unir as duas margens do rio Tejo e aproximar o norte ao sul do País apenas a dois quilómetros de carro. O primeiro projeto registado pertence ao Engenheiro Miguel Pais, que preconiza em 1879 uma ponte rodoferroviária para ligar a zona oriental de Lisboa ao Montijo. Mas foi a ligação com Almada que acabou por se concretizar quando os esforços para a construção de uma ponte voltaram a surgir em 1953 e o Ministério das Obras Públicas decide criar uma comissão de trabalho para a construção da travessia.

Assim, foi estabelecido um concurso público internacional com o objetivo de atrair profissionais e empresas do exterior para auxiliar a concretização da ideia arriscada para a época.

A 21 de fevereiro de 1961 o contrato para a construção é assinado pela empresa norte-americana United States Steel Export Company, líder na produção do aço à escala mundial. Ainda antes de estar completa, a ponte sobreviveu a dois terramotos. Cerca de 15 dias antes da inauguração, alinharam-se 80 veículos pesados com um total de 1500 toneladas num teste de resistência para perceber a carga que a ponte aguentava. A 6 de agosto de 1966, às 15 horas, é aberta ao público. Depois da Revolução de Abril de 1974, a Ponte Salazar passou a chamar-se Ponte 25 de Abril.

1970 | Falecimento de Oliveira Salazar

Da homossexualidade aos isqueiros, as leis de António de Oliveira Salazar chegaram a proibir aquele que podia ter sido o primeiro carro português a ser fabricado em série. Até dois anos antes da sua morte, a 27 de julho de 1970, o líder controlou o país.

 

Crédito: Global Imagens

Falar de António de Oliveira Salazar é falar do Estado Novo que controlou e regulou desde os beijos na boca até à indústria automóvel. À exceção do seu veículo de 1947, usado desde esse ano até 1968, o professor universitário nomeado presidente do Conselho de Ministros não era um grande apoiante do mercado automóvel. Prova disso é a proibição do modelo português IPA 300, um veículo citadino de linhas fluidas e arredondadas, concebido em versões coupé de dois lugares e para famílias com duas crianças. Assim o país perdeu uma oportunidade de se lançar na produção em série de um automóvel totalmente português em 1958.

Este pequeno veículo citadino, feito em Porto de Mós, baseava-se no motor British Anzani de dois cilindros e tinha 15 cavalos, mas acabou por só se fazerem cinco exemplares.

O projeto parou por ali porque a licença para o fabrico em série teve a feroz oposição do então secretário de Estado da Indústria Oliveira Salazar, que havia já optado por outra direção na política industrial e que passava pela montagem de veículos em CKD (completly knocked down) de marcas europeias e americanas. Foram emitidos livretes para as duas viaturas, mas de duração limitada, e o processo encerrou definitivamente com uma proibição regulamentar que tinha o Engenheiro Monteiro Conceição e o seu projeto como únicos destinatários. Atualmente, o carro referenciado como um dos expoentes da indústria metalomecânica nacional pode ser deslumbrado no Museu do Caramulo.

1975 | Regista-se um aumento no selo do carro

Em 1974, quase 200 mil portugueses compraram automóvel. Além dos impostos sobre os produtos petrolíferos, também o imposto do selo teve um aumento considerável um ano depois, encarecendo de forma exponencial as despesas com a utilização de carro.

 

Crédito: Global Imagens

Em pleno ano de 1975, segundo um relatório do Automóvel Club de Portugal, o parque automóvel em Portugal aumentou para quase um milhão de viaturas. Um número que, em 1968, era apenas de 521 mil. Tal significa que, a cada ano, entravam mais de cem mil novos carros nas estradas portuguesas. Um sonho concretizado para grande parte das famílias portuguesas que recorrem ao crédito e, muitas vezes, também falsificam cartas de condução e diplomas de quarta classe (obrigatórios para requisição de cartas de condução) para conduzirem um carro. Assim o imposto de circulação, além dos impostos sobre os produtos petrolíferos, sofre um aumento considerável: de 500 contos (cerca de 2.500 €) para 1000 contos (cerca de 5.000 €) e até 1500 contos (cerca de 7.500 €).

Nascem também novos serviços de manutenção e dispara a sinistralidade nas estradas portuguesas.

Em 1975, estima-se a morte de cerca de 2728 pessoas em acidentes de automóveis mesmo com regulamentação da circulação automóvel em vigor a partir do “Código da Estrada” pela Direção-Geral de Viação (atual Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) desde 1971. Para evitar este tipo de acidentes ao volante de um carro, é fundada a Prevenção Rodoviária Portuguesa como uma associação sem fins lucrativos e com o objetivo de prevenir os acidentes rodoviários e as suas consequências. Em 1966, é reconhecida pelo Governo como instituição de utilidade pública. No ano de 1998, é revisto o Código da Estrada e é publicado o Regulamento da Sinalização do Trânsito.

Na Citroën

A Era da união

1973 | Surge a primeira crise de petróleo

As crises de petróleo mergulham a indústria automóvel também em grandes crises. Assim, a marca Citroën apresenta novos modelos de consumo mais baixo com campanhas de veículos “antigulosos” como o apelidado CX.

 

Crédito: Global Imagens

A crise do petróleo iniciou–se quando se percebeu, na década de 1970, que este recurso natural não era renovável. Descoberto no início do século XX, o petróleo passou a ser o principal fornecedor de energia e o principal elemento da economia das grandes potências. O petróleo é utilizado em centenas de produtos e é uma peça capital na composição da economia mundial. Em 1973, surgiu o primeiro choque petrolífero, um aumento vertiginoso dos preços do petróleo provocado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em protesto pelo apoio dos Estados Unidos à vitória israelita na guerra de Yom Kippur.

Em apenas cinco meses, entre outubro de 1973 e março de 1974, o preço do petróleo aumentou 400%, causando reflexos poderosos nos Estados Unidos e na Europa e desestabilizando a economia por todo o mundo.

O racionamento virou palavra do dia e os estragos causaram falta do produto em muitos postos do mundo. Como o petróleo serve de combustível dos carros, a indústria automóvel mergulhou também em grandes crises. Para a Citroën chegou a altura de questionar o futuro do DS e, em 1974, apresentar um modelo com um consumo claramente mais baixo: o CX. Nas campanhas, a marca opta por uma abordagem fácil de reter. Propõe dois títulos, “L’anti-goinfre” (antiguloso) e “L’anti-tape-cul” (antissacudidelas). A crise só terminaria cerca de um ano depois. Mais tarde, a crise foi apelidada de “primeiro choque do petróleo”, seguida pela crise do petróleo de 1979.

No Mundo

1978 | Lançamento do filme “Grease”

O primeiro amor, a primeira desilusão e o primeiro carro. Em 1978, o musical “Grease” ganhou fama mundial quando foi adaptado ao cinema e recupera o imaginário da década de 1950 quando comprar um automóvel era um sonho tornado realidade.

 

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A brilhantina, o rock’n’roll e os casacos de couro são três características da década de 1950 que o filme “Grease” recupera e leva ao grande ecrã por Randal Kleiser, com John Travolta e Olivia Newton-John em 1978. Num piscar de olhos, tornou-se num dos filmes musicais com maior sucesso de bilheteira nos Estados Unidos. A receita, criada por Jim Jacobs e Warren Casey, é relativamente simples. Numa cidade dos Estados Unidos na década de 1950, Danny é um chefe de um grupo cool – os T-Birds – interessados em música, miúdas e carros a quem surge pela frente a inesperada visão de Sandy, com quem tivera um romance de verão na praia, como nova colega de turma.

No liceu as coisas não vão ser assim tão simples porque Danny não quer perder a sua reputação. Para o reconquistar, Sandy junta-se às Pink Girls para aprender a mudar de atitude.

Assim nasce um retrato da juventude suburbana com ambições e problemas. O resultado? Uma história de amor contada com recurso a carros que desempenharam um papel essencial neste estilo de vida adolescente para as personagens terem liberdade e conquistarem um status. Na memória ficam os 48 modelos de carros (de cor-de-rosa a vermelho, passando por pinturas personalizadas) desenhados por Eddie Paul, um legendário construtor de carros de filmes como “Velocidade Furiosa”.